Inundação de informação

Olá! Creio que não te conheço, mas quase que aposto que hoje já viste alguns tiktoks, posts no instagram, publicações do facebook e afins, e se eu te perguntasse do que te lembras, talvez responderias: só de 1 ou no máximo 5 tópicos ou temas, ou quiçá algum vídeo que te chamou mais à atenção… Então quer dizer que andaste a consumir conteúdo rápido só para providenciar uma dose de dopamina no cérebro e “meter palha” e “encher chouriços no cérebro” ? Será que já não sabemos estar nas redes sociais e estas só nos roubam tempo de vida? Mas espera lá, e quando não havia redes sociais, o que é que fazíamos? Enfim, são várias questões existenciais que às vezes tiram-me o sono, e logo a mim, que sou criador de conteúdo, logo, tenho que me assegurar que o que eu escrevo, ensino e produzo é útil para ti!

Spoiler: este vai ser o artigo com mais perguntas que já escrevi (pelo menos esta frase não foi uma pergunta, ou será que é?). E água, vou meter muita água (mas no bom sentido)…

Bem-vindo à era da inundação de informação, onde é possível saber praticamente tudo de tudo… é bom? Mais ou menos, porque o nosso cérebro fica “doido”. Vou dar o exemplo do mundo das viagens: onde fica o limite entre pesquisar tudo e chegar ao destino e não ter uma experiência autêntica de aventura ou descoberta ou só pesquisar o básico e dar espaço ao inesperado? Ah, estás à espera que eu te dê a resposta? Também queria saber… Sabes aqueles bloggers de viagem da velha guarda, que hoje em dia são uns jovens adultos de 50 e 60 anos? Eu acho que eles se divertiam mais que nós… Iam para todos os cantos do mundo e não tinham dados móveis, não tinham apps para tudo e mais alguma coisa, ou seja, até passar um fim de semana em Milão era de facto uma verdadeira aventura. Claro que isto é apenas um ponto de vista… mas imagina começares a ver uma série e já saberes o desfecho final da mesma? Não tinha graça nenhuma, né?

E a informação na Internet? “Oh filho, é uma loucura”

Somos submergidos num oceano sem fim de dados e conteúdo. A quantidade de informações disponíveis é colossal, e cada dia mais dados são gerados, compartilhados e consumidos numa escala nunca antes vista. E por falar em oceano, falta acrescentar as cascatas das redes sociais, ou seja, a cada segundo, milhões de novos tweets, postagens no instagram, artigos de notícias no facebook, vídeos e imagens são publicados. Além disso, por entre as “cascatas”, existem fugas de informação, ou seja, existe uma autêntica disseminação de informações falsas que provocam um “dilúvio de discussões” nas redes sociais. Lembras-te do covid? Cada um tinha a sua teoria.

A overdose de informação tem as suas consequências, e uma delas é a sobrecarga cognitiva. Os nossos cérebros têm capacidades limitadas para processar informações, e a tentativa de acompanhar a “bomba de água” de dados online pode levar ao esgotamento mental. O medo de perder informações importantes, conhecido como “FOMO” (Fear of Missing Out), pode levar a níveis ainda mais altos de stress e ansiedade, ou seja é aquela sensação de “deixa-me só dar uma aqui vista de olhos no instagram para ver se não perdi nada….”

Claro que tudo isto, e agora usando uma metáfora da água com o mundo das viagens, leva-nos a não saber tomar decisões. “E agora, vou ao rio, ao mar, à cascata, ou à piscina?”

A abundância de informações provoca um “paradoxo da escolha”. Com tantas opções disponíveis, tomar decisões pode se tornar avassalador e paralisante. Basta querer comprar um simples gel de duche online e podes perder horas a fio na procura do gel ideal (e de preferência com o cupão de desconto).

E sabes o que eu notei? É a “normalização do multitasking”, ou seja já ninguém está apenas no mar, por outro lado, hoje em dia, a pessoa está no mar, no rio e no lago ao mesmo tempo e no final de contas , não está em lado nenhum, está “na lua”…Por outras palavras: o cérebro humano não é eficiente em alternar entre várias tarefas simultaneamente, e essa multi-tarefa pode levar a uma redução na qualidade do trabalho realizado.

Pronto, pronto já passou, toma um banho relaxante que isso passa. É óbvio que tudo tem solução e há certos comportamentos que deves adotar para “não caíres da cascata abaixo”.

  1. Foco e Priorização: Identifica tópicos e fontes confiáveis de informação que são relevantes para os teus interesses e prioridades.
  2. Descanso Digital: Estabelece limites para o tempo gasto a consumir informações e reserva momentos para desconectar-te e descansar a mente.
  3. Verificação de Fontes: Verifica sempre a veracidade das informações antes de compartilhá-las ou tomar decisões baseadas nelas.
  4. Diversificação de Perspetivas: Procura diferentes perspectivas e opiniões para obter uma visão mais abrangente dos assuntos.
  5. Aprendizado Contínuo: Investe em habilidades de pensamento crítico, ou seja aprende a “parar para pensar”
  6. Redes sociais: segue contas que consideres úteis para ti e acompanha pessoas que admires ou que tenhas algum laço afetivo, tudo o resto é distração e não necessariamente útil.
  7. Invenção pessoal: filtrador de informação: quando crio conteúdo, gravo aulas para um curso ou escrevo algo (tipo isto) – pesquiso a fundo, depois filtro a informação e finalmente crio as coisas, respeitando opiniões e pontos de vista distintos. Ou seja, quer para criar ou consumir conteúdo, aprende a filtrá-lo.

Em suma (como escrevíamos na escola), a inundação de informação é um desafio enfrentado por toda a gente numa era digital acelerada. Embora o acesso à informação seja algo valioso, também é crucial aprender a gerir a quantidade de dados que consumimos. Ao adotar uma abordagem consciente e informada, podemos “navegar no meio deste oceano” de informações, colhendo o melhor que ele tem a oferecer enquanto evitamos os perigos das “correntes perigosas”. O equilíbrio entre estar bem informado e evitar a sobrecarga de conteúdo é a chave para “não darmos em malucos” – tu não precisas de saber no mesmo dia através de fontes diferentes que te aparecem, quantas cidades tem a Nigéria, quantos metros um macaco é capaz de saltar ou quantos golos o Ronaldo marcou em 2018, CALMA! Filtra a informação que consomes.

Olha…eu também ando a aprender a consumir conteúdo (assim como tu), afinal de contas, sou apenas mais um marinheiro neste mar infinito. Quando me tornar capitão, eu aviso-te e digo-te como agir, para já só vou questionando enquanto navego por esses mares…

Bons mergulhos!

Deixe um comentário